quarta-feira, 7 de agosto de 2013

You are my best friend.



Estávamos conversando, eu e meu melhor amigo, e eu estava olhando para a janela, com aquela cara de paisagem. Ele logo perguntou "o que foi?" e aí começou a sair da minha boca como se eu não tivesse mais controle sobre ela, e nem sobre o que estava saindo.

De vez em quando algumas lágrimas também caíam, e ele prontamente enxugava-as antes mesmo delas escorrerem pelo meu rosto. Falei de tudo que estava tão entalado, que nem eu lembrava mais que tais coisas existiam aqui dentro. Como guardei, quão fétido ficou tudo, tão escondido aqui.

Tenho sérios problemas pra desabafar, isso não é novidade, mas não tinha me dado conta há quanto tempo não tenho desabafado, com ninguém, nem comigo mesma. Falei dos meus arrependimentos, aqueles que eu tinha medo de remexer porque sei que faria uma bagunça enorme na casa. Falei dos meus ressentimentos, e do quanto eu gostaria muito que inventassem uma máquina do tempo. E ele disse:

-Todo mundo gostaria. A questão é que ninguém inventou, não dá pra voltar no passado. Quanto mais você se arrepender, mais triste você vai ficar. Esquece, já passou, deixa isso lá pra trás. - Ele me arrebentou só com essas palavras.

Não é que eu queria ficar remoendo, mas eu estava fazendo e precisava parar urgentemente, antes que de tanto remoer, só restasse um vazio dentro de mim. Ouvi os seus conselhos, enquanto ele afagava carinhosamente meus cabelos e enxugava minhas lágrimas pesadas. Senti que tinha perdido uns cem quilos depois dessa conversa.

É muito estranha a sensação que vem logo após um choro de desabafo. É um alívio tão grande e que trás uma paz que parecia estar tão longe que é quase irreconhecível. Meus problemas provavelmente não estarão resolvidos depois de ter desabafado, talvez nem estarão resolvidos a curto prazo. Mas a paz momentânea que me trouxe já é o bastante por enquanto. Me dá esperança e a calma que preciso para raciocinar sobre o que devo fazer.

O fato é que esse é o papel de todo melhor amigo. Te escutar e te aconselhar, enxugar suas lágrimas, te fazer sentir paz. O mais fantástico para mim nesse caso é que o meu melhor amigo é também, o meu amor.

Amanda, cresça - Parte 3: Liberdade.


Os dias de Amanda já estavam diferente daqueles anteriores. Levantava todas as manhãs, tomava seu café reforçado e arranjava, sempre, algo de útil a fazer. O telefone não parava de tocar, o contato com os amigos aumentou muito, as festinhas já estavam mais frequentes, coisa que ela não frequentava há muito por causa do 'frio', a vaidade reapareceu e a fez se sentir melhor com ela mesma.

Tudo isso fazia com que Amanda se sentisse uma nova mulher, e sentia o doce da renovação junto a uma ponta de amargo no fundo da garganta. Colocou play em 'One', do U2 feat Mary J. Blige, porque de alguma forma sentia que essa música movera cada célula do seu corpo a gritar todas as palavras entaladas.

"You ask me to enter well then you make me crawl, and I can't be holding on to what you got, when all you got is hurt".

É, parecia mesmo a liberdade. A figura só se esvaía conforme os dias iam se passando. 

Amanda teve dois casinhos depois de seu término. O primeiro quase engrenou, mas não deu muito certo. Após todo aquela carga de sentimento, Amanda sentiu que não estava preparada para algo sério no momento. Perdeu tanto tempo, aquele seria o momento pra recuperar todas as perdas, e aproveitar ao máximo tudo que estava a sua frente. Assim foi. Ficou ainda com um outro rapaz, mas só para curtição. Não deu certo também. Ela percebeu que definitivamente, casinhos à toa não eram seu forte. 

Decidiu então seguir livre, leve e solta, e feliz, se renovando, recomeçando, aprendendo, se conhecendo, se reparando. E assim foi, o plano estava dando certo. Até aparecer Ele...