quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Ponto.


Existe um ponto da vida, e esse ponto nunca é previsível, em que a maré está baixa, o tempo está firme, e tudo parece caminhar na perfeita ordem de um formigueiro. Nesse ponto, você começa a se perguntar se as coisas estão realmente bem, ou se na verdade a calmaria existe apenas na superfície, e que na verdade a tempestade só foi sugada para as profundezas do seu oceano interno.

Eu estou nesse ponto.

Passei a me perguntar se tudo que sou é realmente o que eu deveria ser, agora. Se o que estou fazendo é o certo pra mim, pra nós. Eu passei a ver toda a história como um todo, não mais como capítulos.

Porque na verdade, todos os capítulos são diferentes entre si.

Um conta o começo.
Dois conta o meio.
Três conta o fim.

Ou seja, ler cada um separadamente não vai contar a história certa todas as vezes. Eu li essa história, toda ela, e talvez não seja a história que eu quero contar a mim mesma daqui um tempo. Nem sei se quero contá-la agora.

Eu sinto como se eu não fosse eu mesma sem você, porque eu já me acostumei olhar para o lado e ver você lá. Me machuca sim pensar que talvez amanhã eu olhe e você não esteja lá, mas eu acho que não quero mais apenas alguém para eu olhar, e sim alguém que além de retribuir olhos solidários, que realmente queira e esteja ali. Com um bom e velho: “Eu estou aqui, não se preocupe, não tenha medo.”.

Pode ser surreal e ilusório? Pode. Pode ser que eu passe minha vida inteira procurando? Pode. Mas acho que vale mais a pena a procura do que simplesmente ficar aqui porque sei que você também vai. É um comodismo que não pertence a mim mesma, que não é fiel ao meu arianismo.

Você tem o emocional de uma pedra. E eu de um furacão em atividade. Sabemos bem o que um furacão faz com uma pedra. E adivinhe só: ela não grita, não chora, não sente. Eu preciso ouvir, eu preciso sentir. Sem isso, sou só eu tentando ter um relacionamento sozinha. Ou melhor, com uma pedra.


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