Seus pensamentos fluídos, as lembranças, as fotografias, tudo a
consumia de uma forma em que nunca sentira, de um jeito que fazia com
que implorasse para que parasse a dor.
Amanda sentia mesmo um grande
buraco por dentro, mas ao mesmo tempo surgiu uma dúvida, maior ainda que
o buraco: Valera a frustração por ter escutado um frio e simples
'Acabou' ou valera a tristeza por perder seu amado? Estava confusa,
precisava de um refúgio, mas este tal refúgio não existia ali naquela
casa, nem em outro lugar...
Colocou play em Audioslave, 'Like a
stone'. 'On a cold wet afternoon in a room full of emptiness [...] and I
sat in regret of all the things I've done...'. E aqueles versos
pareciam tocar seu coração de forma a machucá-lo, as lágrimas foram
inevitáveis e escorreram através do rosto já inchado por outras anteriores àquelas.
Resolveu regressar a tudo que vivera até ali. Recorreu a
cartas, lembranças, momentos na memória. Nada fazia sentido, de verdade.
Dias,
noites, tardes. Passaram-se uma semana. Amanda teve algumas notícias, mas
nada que mudasse a situação. Ele ainda estava frio, ele ainda falava
com aquele tom de superioridade que acabava com a crença de Amanda de
que já estivera sorrindo com aquele rapaz algum dia. Aqueles dias pareciam mais distantes do que nunca. Ela só conseguia espelir
lágrimas, palavras não podiam ser ditas, pois ela nem sabia onde encontrá-las.
Naquele momento, os pais de Amanda chegam:
- 'Filha, o que aconteceu!? Ele fez algo contigo!?' -
perguntou a Mãe preocupada e visivilmente assustada com o desespero em
que se encontrava sua filha. Amanda só balançou a cabeça negativamente.
-
'Então o que foi!? Fala, Amanda!'
- 'Ele rompeu mãe, e com uma frieza
digna de um psicopata!' - respondeu à mãe, com a voz tão embargada que as palavras sairam com uma imensa dificuldade, quase que explodindo.
- 'Mas filha,
se ele tomou essa decisão, ele tem o direito! Ele não tem obrigação de
ficar contigo, e ainda mais, é ele quem perde. Levante a cabeça, Amanda, cresça, pelo amor de Deus!' - as palavras da mãe fizeram com que Amanda
sentisse como se tivesse engolido um chá de facas afiadas.
- 'Ai mãe...' - ela então deita no colo mais reconfortante do mundo.
Amanheceu
uma terça-feira ensolarada até, com cara de primavera. Amanda acordou
diferente, as palavras de sua mãe ainda ecoavam na sua mente e uma
vontade que tomava conta de cada partícula do seu corpo fizeram com que
ela não acordasse de mal humor ou chorosa. O mais engraçado é que ela nunca tivera uma conversa como aquela com sua mãe. A relação entre as duas era sempre muito conturbada, principalmente porque as duas eram muito parecidas - para desespero do pai de Amanda.
Tudo mudou, disso Amanda tinha
certeza.
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